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APRESENTAÇÃO – A EDUCAÇÃO É UM TERRITÓRIO DE RESPONSABILIDADES
Cheron Zanini MORETTI; Camilo DARSIE
Cheron Zanini MORETTI; Camilo DARSIE
APRESENTAÇÃO – A EDUCAÇÃO É UM TERRITÓRIO DE RESPONSABILIDADES
Reflexão e Ação, vol. 30, núm. 2, pp. 1-5, 2022
Universidade de Santa Cruz do Sul
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Apresentação

APRESENTAÇÃO – A EDUCAÇÃO É UM TERRITÓRIO DE RESPONSABILIDADES

Cheron Zanini MORETTI
Universidade de Santa Cruz do Sul, Brasil
Camilo DARSIE
Universidade de Santa Cruz do Sul, Brasil
Reflexão e Ação, vol. 30, núm. 2, pp. 1-5, 2022
Universidade de Santa Cruz do Sul

Recepción: 01 Mayo 2022

Aprobación: 01 Mayo 2022

As redes sociais, os canais midiáticos e diversas outras tecnologias aproximam, distraem e acompanham os cotidianos de muitas pessoas nos dias de hoje. Possibilidades de entretenimento, formação e capacitação por meio de diferentes mídias é uma das características do modo de estar no mundo contemporâneo. Diante disto, muitas ideias interessantes ganham visibilidade e disparam novas reflexões acerca da Educação, contudo, é importante destacar que, por outro lado, parte dos conteúdos disponibilizados e acessados são produzidos a partir de vivências e opiniões limitadas que, muitas vezes, prejudicam discussões relevantes para área.

Em função disto, convencionou-se, por meio de uma quantidade considerável de comunicadores leigos, a se acreditar, popularmente, que o campo educacional é moldado por opiniões individuais de diferentes profissionais, políticos e influenciadores que fazem propostas diversas sem conhecerem o dia-a-dia e as dinâmicas que envolvem professores, estudantes e demais sujeitos da área. Neste caso, os argumentos mais comuns – defendidos por quem toma a Educação enquanto lugar de visitação - atacam temas de grande relevância educacional que por anos têm sido investigados, problematizados e transformados por profissionais da área.

A partir de uma combinação de tensões ideológico-políticas, crenças acerca dos saberes educacionais e lógica econômica muitos “especialistas” se colocam à disposição da área de modo irresponsável. Neste contexto, emergiram ou se intensificaram enfrentamentos ideológicos, ideais inovadores – conservadores – e oportunidades de mercado em meio ao caos causado por velhas desigualdades sociais que envolvem as práticas educacionais cotidianas, tanto no mundo quanto no Brasil. Tal situação tem aumentado o abismo existente entre aqueles estudantes que se encontram em posições privilegiadas e aqueles que enfrentam inúmeros desafios sociais e econômicos.

Diante disto, entendemos que o campo da Educação precisa ser discutido de maneira responsável, a partir das proposições de profissionais que o estudam profundamente e o vivem de forma intensa. Não são os julgamentos morais ou os valores individuais que são capazes de resolver os desafios enfrentados por estudantes, professores e pesquisadores, pois as dificuldades são mais profundas e complexas do que muitos pensam. Mais de 1,5 bilhão de estudantes foram prejudicados pela pandemia em todo o mundo. O Relatório de Monitoramento Global da Educação (UNESCO, 2020) indica que mais de 40% dos países mais pobres não apoiaram seus estudantes durante a pandemia. No caso do Brasil o número de crianças e adolescentes sem acesso à educação saltou de 1,1 milhão, em 2019, para 5,1 milhões em 2020 (UNICEF-CENPEC, 2021). Ainda, a desigualdade social foi aprofundada, aumentando a quantidade de pessoas em situação de extrema pobreza. Em março de 2020, havia cerca de 13,5 milhões de pessoas nessa condição.

Um ano depois, registrou-se um aumento de 5,8%, equivalente a 784 mil brasileiros. (DIEESE, 2021) Tais dados indicam que as narrativas leigas e “inovadoras” sobre os rumos da Educação não dão conta das realidades vividas por grande parte dos estudantes e, portanto, direcionam-se apenas a um recorte do sistema educacional, o qual abrange uma pequena porção de brasileiros. Esta questão nos convoca a minimizar as iniquidades que constituem as vidas de milhares de brasileiros e, mais detidamente, de milhares de estudantes e professores. Certamente, é necessário que pensemos sobre a importância das inovações e transformações nos mais diversos contextos pedagógicos, já que esta é uma prática fundamental em qualquer território teórico- prático, contudo fortalece-se a necessidade de estranharmos as desigualdades que sobrecarregam e enfraquecem as políticas públicas de educação.

Nesta direção, entendemos que a colaboração de colegas professores e pesquisadores são de grande valia, pois convidam a pensarmos em desafios e possibilidades de maneira edificante. É por meio destas colaborações que apresentamos a coletânea de artigos de fluxo que compõem a edição de maio/agosto de 2022 da Revista Reflexão e Ação.

No primeiro artigo, Ensino Médio Integral em Tempo Integral: competência socioemocional para uma educação integral?, Daniel de Souza França e Jane Mery Richter Voigt, da Universidade da Região de Joinville (Univille), problematizam o desenvolvimento da competência socioemocional no Ensino Médio Integral em Tempo Integral, tendo em vista a crescente centralidade do tema no que se refere à inserção no mercado de trabalho. Na sequência, em Educação integral, estético-ambiental e cúpula geodésica: contribuições à formação humana, Danielle Müller de Andrade, Fabiana Celente Montiel (ambas do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense - Campus Pelotas- Visconde da Graça) e Elisabeth Brandão Schmidt, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) apresentam potencialidades da construção e utilização de uma Cúpula Geodésica no que se refere ao desenvolvimento da Educação Integral.

No terceiro artigo, ProgramaEnsinoIntegral:apropostadoestadodeSão Paulo, Adriana Locatelli França e Renata Portela Rinaldi, ambas da Universidade Estadual Paulista (UNESP), discutem o Programa Ensino Integral na rede estadual do estado de São Paulo. As autoras o tomam como estratégia para garantia do direito social à educação de qualidade na escola pública. A partir de pesquisa documental e revisão de literatura, discorrem sobre o quanto o Programa se alinha, ou não, da concepção de Educação Integral na perspectiva da omnilateralidade e da emancipação humana.

No texto Educação Integral, Jornada Ampliada e o Pensamento Complexo: ensaios sobre os territórios educativos, Diovane de César Resende Ribeiro, Marcus Vinicius Neves Araujo e Regina Maria Rovigati Simões (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) estabelecem relações entre a Educação Integral, a Educação em jornada ampliada, o pensamento complexo e as potencialidades dos territórios para o desenvolvimento social. A seguir, Daniella de Souza Bezerra, do Instituto Federal de Goiás e Thaisa Lemos de Freitas, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás aproximam conhecimentos relativos ao Ensino Médio de Tempo Integral, à Educação Integral e à Epistemologia da Complexidade para discutirem o sentido do tempo e da formação destinada à juventude brasileira. Também, discorrem sobre os sentidos da educação popular na perspectiva integral no artigo intitulado Sob os prismas da educação integral e da complexidade: possibilidades para o Ensino Médio.

No sexto artigo, Promoção de estratégias de aprendizagem no Ensino Superior: desafios paraaprender, Luciana Toaldo Gentilini Avila, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e Lourdes Maria Bragagnolo Frison, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) analisam as contribuições de uma oficina sobre aprendizagem oferecida a estudantes de diferentes cursos de graduação de uma Universidade Pública. Em Educação social e saberes necessários: análises a partir de experiências em acolhimento institucional, Verônica Regina Muller e Paula Marçal Natali, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com Karine dos Santos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), escrevem sobre os saberes relevantes para a prática dos educadores sociais em casas de acolhimento institucional.

O próximo manuscrito, intitulado FakeNews: produção colaborativa de vídeo no contexto dacibercultura é de Jessica Chagas Oliveira e de Edvaldo Souza Couto, ambos da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nele, autora e autor transitam pelos estudos da cibercultura para analisarem os processos de produção colaborativa de um vídeo em sala de aula. Na sequência, em Notificação de violência interpessoal/autoprovocada: ação no contexto de formação de enfermeiros, de Fabiana Veronez Martelato Gimenez e Sandra Regina Gimeniz-Paschoal, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), apresentam práticas educativas, no contexto da formação de enfermeiros, acerca de notificações de violência.

Formação Docente e Educação Inclusiva: elementos para uma interseção é o décimo artigo da edição. Escrito por Ademárcia Lopes de Oliveira Costa (Universidade Federal do Acre), Robéria Vieira Barreto Gomes (Universidade Federal do Ceará) e Maria Irinilda da Silva Bezerra (Universidade Federal do Acre) apresenta uma reflexão sobre a importância da formação docente na direção da inclusão. Após, em Atendimento Educacional Hospitalar: atribuições e contribuições da organização do trabalho pedagógico, Leila Cristina Mattei Cirino, Jacques Lima Ferreira e Ricardo Antunes de Sá, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), discorrem sobre uma investigação de abordagem qualitativa sobre a relação entre organização do trabalho pedagógico e atendimento educacional hospitalar.

Elisangela da Sila Bernardo (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro- Unirio), Flavia Gonçalves da Silva (Universidade Federal Fluminense- UFF) e Rosângela Cristina Rocha Passos Felix (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro- Unirio) são as autoras do artigo intitulado Ensino Médio Inovador: os desafios da Educação Integral e(em) Tempo Integral para ajuventude. Nele, apresentam uma reflexão sobre os desafios da implantação do Ensino Médio Integral e(m) Tempo Integral desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro.

Análise da meta 4 do Plano Nacional de Educação: estudos realizados em Mangaratiba – RJ, de Elaine Alves Leite, Sérgio Crespo Coelho da Silva Pinto e Ruth Maria Mariani Braz, pesquisadoras e pesquisador da Universidade Federal Fluminense, apresenta uma análise do cumprimento da Meta 4 do Plano Nacional de Educação no município de Mangaratiba. Em Inovação pedagógica: concepções que orbitam este conceito, de Joao Ferreira Sobrinho Junior e Nyuara Araújo da Silva Mesquita, da Universidade Federal de Goiás, apresentam concepções relacionadas a inovação pedagógica. Neste sentido, argumentam que a inovação pedagógica se estabelece pelo criar, adequar ou readaptar técnicas ou tecnologias.

No último artigo da edição O papel dos anciãos na preservação e divulgação do etnoconhecimentoTerenaem escolas indígenas no estado de Mato Grosso do Sul, de Paulo Roberto Vilarim, Décio Ruivo Martins, Sérgio Paulo Jorge Rodrigues, da Universidade de Coimbra, e Jorge Eremites de Oliveira, da Uiversidade Federal de Pelotas (UFPel), analisam o papel dos anciãos na preservação e divulgação do etnoconhecimento Terena no contexto de escolas públicas existentes em aldeias Terena, localizadas no estado de Mato Grosso do Sul.

Ainda, apresentamos a entrevista intitulada La escuela y el tiempo escolar en América Latina, feita pelo Professor Éder da Silva Silveira, do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul, com Sergio Martinic, Professor e Chefe do Deapartamento de Ciências Sociais da Universidade de Aysén, no Chile.

Esperamos que a leitura dos artigos e demais textos seja produtiva e que desperte novas discussões sobre o campo da Educação.

Material suplementario
REFERÊNCIAS
1. DIEESE. Desigualdades sociais e econômicas se aprofundam. Boletim de Conjuntura, n. 29, 2021. Disponível em: https://www.dieese.org.br/boletimdeconjuntura/2021/boletimconjuntura29.html. Acesso em: 21 out 2021.
2. UNESCO, Global education monitoring report, 2020: Inclusion and education: all means all. Unesco, 2020. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373718. Acesso em: 21 out 2021.
3. UNICEF/CENPEC. Cenário da Exclusão Escolar no Brasil: um alerta sobre os impactos da pandemia da COVID-19 na Educação. Unesco/Cenpec, 2021. Disponível em: https://www.cenpec.org.br/pesquisa/cenario-da-exclusao-escolar-no-brasil. Acesso em: 21 out 2021.
Notas
Notas
1 Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC – Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul – Brasil.
2 Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC – Santa Cruz do Sul – Rio Grande do Sul – Brasil.
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