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BAKHTIN E O CÍRCULO: O DIALOGISMO COMO MÉTODO
Juciane dos Santos Cavalheiro
Juciane dos Santos Cavalheiro
BAKHTIN E O CÍRCULO: O DIALOGISMO COMO MÉTODO
Muiraquitã, vol. 11, núm. 2, pp. 1-7, 2023
Universidade Federal do Acre
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Apresentação

BAKHTIN E O CÍRCULO: O DIALOGISMO COMO MÉTODO

Juciane dos Santos Cavalheiro
Universidade Federal da Fronteira Sul, Brasil
Muiraquitã, vol. 11, núm. 2, pp. 1-7, 2023
Universidade Federal do Acre

Publicación: 24 Diciembre 2023

BAKHTIN E O CÍRCULO: O DIALOGISMO COMO MÉTODO

As reverberações dos estudos empreendidos por um grupo de intelectuais russos – dentre os quais se encontram Mikhail Bakhtin (1895-1975), Valentin Volóchinov (1895-1936), Pável Medviédev (1892-1938) – perpassam diferentes direções, investigando temas de estudo e objetos de pesquisa variados, no campo da linguística, filosofia, literatura, tradução, educação, para citar alguns. Isso porque esse grupo se reuniu no início do século XX para discutir questões de interesse comum, que tocavam ângulos diferentes, mas tinham a linguagem como tema central.

Conforme sintetizado por Clark & Holquist (2004, p. 139), Bakhtin e aqueles que faziam parte de seu círculo de discussões “[...] valoravam, acima de tudo, a variedade, a diferença, a livre investigação, o diálogo e o debate. Acreditavam na necessidade de estar livre das normas convencionais e dos liames tradicionais de uma dada disciplina [...]”. Cada um deles procurava apreender algo do discurso dos outros que trabalhavam em campos intelectuais diferentes. Disso nasce uma visão teórico-metodológica plural, que reconhece a heterogeneidade inerente ao traço social que compõe todas as coisas.

Suas ideias promoveram a perspectiva de que o campo ideológico coincide com o campo dos signos porque qualquer signo reflete e refrata uma realidade para além de si, “[...] sendo capaz de distorcê-la, ser-lhe fiel, percebê-la de um ponto de vista específico e assim por diante”, conforme explica Volóchinov (2017, p. 93). Isso constrói a argumentação de que os signos são externos, advêm do meio social e se edificam nas interações entre sujeitos constituídos sócio-historicamente e servem para que a interioridade seja constituída. Assim, a apreensão do mundo e a atuação nesse mesmo mundo se dá por meio de signos, já que a compreensão do eu, do outro e de tudo o que os circunscreve se dá por meio de uma cadeia ininterrupta de interiorização e exteriorização sígnica.

Volóchinov (2017) diz que a palavra é o signo ideológico por excelência, uma vez que ela é a expressão da comunicação social, porque se origina no seio das interações, construindo significação e sentido a partir dos usos que determinada comunidade faz. Sobre a palavra podem recair diferentes intenções, acentos valorativos e tonalidades, a depender dos contextos em que figura, dos sujeitos que a proferem, dos tempos em que circule. Ela, portanto, de acordo com Volóchinov (2019), é ideológica, justamente por deixar ver o conjunto de reflexos e refrações da atividade social, expressa e fixada em si pelo sujeito histórico.

Esse entendimento é possível porque Bakhtin e o Círculo discutem língua e linguagem como um fenômeno social, oriundo da atividade humana, de suas necessidades, conectado às condições da vida de modo intrínseco (VOLÓCHINOV, 2019). Assim, a orientação teórico-metodológica por eles ensejada encoraja a observar qualquer objeto a partir de suas relações com o contexto, com os sujeitos e com os discursos, direcionando o gesto de análise à compreensão do dialogismo, conceito bakhtiniano que versa sobre o traço de relação que atravessa todo e qualquer objeto que se analise.

Essa postura indica que a vida é um contínuo e os signos ideológicos que nela circulam mantêm uma necessária relação com o passado e com o futuro. Essa relação é um diálogo tenso, que pode demarcar caminhos de adesão, refutação, concordância, embate, entre outros efeitos de sentido. Com base nesses postulados, é possível dizer que, para que o pesquisador se debruce sobre os objetos de investigação e compreenda língua e linguagem a partir do uso, é preciso observar enunciados reais, nascidos nas mais diversificadas situações de interação, levadas a cabo por sujeitos sócio-historicamente localizados.

Para tanto, é necessário compreender a dupla orientação da realidade (MEDVIÉDEV, [1928] 2016, p. 195), isto é, analisar qualquer materialidade discursiva considerando tanto elementos externos – as circunstâncias sociodiscursivas, aspectos temporais, espaciais e ideológicos –, quanto elementos internos – relacionados à forma (língua, traços, cores) e à função, compreendendo como se organizam os modos de dizer inerentes às práticas de interação. Bakhtin (2016, p. 11) vai dizer que “Todos os campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem” e que “[...] o emprego da língua efetua-se em formas de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, proferidos” pelos integrantes desses campos de uso da linguagem. Esses enunciados possuem elementos comuns que os agrupam em gêneros do discurso, ou seja, em “[...] tipos relativamente estáveis de enunciados” (BAKHTIN 2016, p. 12, grifo do autor).

Nessa definição, a palavra relativamente é importante por demarcar a natureza não taxativa e fechada das ideias de Bakhtin e seu Círculo. Os gêneros do discurso são múltiplos porque multifacetadas são as formas de interação, que se renovam e se reinventam conforme as demandas sociais impõem. Dentro da heterogeneidade própria dos usos, os gêneros do discurso podem ser percebidos por compartilhar conteúdo temático, estilo e determinada estrutura composicional, três elementos indissociáveis para sua compreensão do ponto de vista da organização do discurso e da função social que a prática discursiva vinculada a ele requer.

A concepção de linguagem e o uso da ideia de gêneros discursivos desenvolvidos por Bakhtin e pelo Círculo fazem-se presentes, de forma regular, há algumas décadas no Brasil. Com base em Porto Boenavides (2022), há quatro movimentos de recepção da obra bakhtiniana: um oriundo de uma fragmentada circulação inicial dos textos em diferentes idiomas, em traduções italianas, espanholas, inglesas e francesas; outro via traduções em língua portuguesa a partir de outras traduções, sobretudo do inglês e do francês, como foi o caso de Marxismo e filosofia da linguagem, segundo Brait e Pistori (2020), publicado no Brasil em 1979 a partir da edição francesa, com consulta à americana e à russa; outro que se dá em torno das retraduções e reedições; e aquele referente às traduções em português brasileiro, feitas direto do russo e com apreciação crítica.

Essa presença também se mostra na inserção de conceitos bakhtinianos nos documentos oficiais de educação, a partir dos anos noventa, com a proposição dos Parâmetros Curriculares Nacionais, cenário que se estende até hoje com as orientações contidas na Base Nacional Comum Curricular e nas Propostas Curriculares de alguns estados, como é o caso, por exemplo, de Santa Catarina e do Amazonas.

Além disso, as ideias desses estudiosos se disseminam em leituras e releituras de pesquisadores nacionais e internacionais que socializam suas pesquisas teóricas, analíticas ou aplicadas, cuja base teórico-metodológica seja amparada na proposta de Bakhtin e seu Círculo. No Brasil, costuma-se, dentre outras denominações, usar Análise Dialógica do Discurso para referir-se aos estudos conectados com as ideias de Bakhtin e seu Círculo ou para fazer menção às próprias ideias de Bakhtin, Volóchinov e Medviédev, dado ao fato de que sua percepção de abordagem forma um “[...] importante legado teórico que pode, em última análise, ser definido como uma análise dialógica do discurso, uma filosofia que se apoia tanto na linguagem literária quanto na vida cotidiana” (BRAIT, 1998, p. 163, grifo da autora).

Com o objetivo de contribuir na difusão e socialização de resultados de estudos e pesquisas desenvolvidas a partir da Análise Dialógica do Discurso, foram convidados pesquisadores, docentes e estudantes a enviarem contribuições inéditas para compor o dossiê temático “Bakhtin e o Círculo em uma perspectiva discursivo-enunciativa, tanto teórica, quanto analítica – ao método dialógico desenvolvido por Bakhtin e o Círculo.

Em “Diálogo II”, Bakhtin questiona-se: “Quem deve estudar as formas do enunciado, ou seja, os gêneros discursivos? O linguista? Ou o investigador literário?” (2016, p. 133). Há, como é perceptível em eventos, grupos de pesquisadores e nas produções geradas nas universidades brasileiras, para ficarmos restritos à nossa realidade, sobretudo nessas últimas três décadas, uma recepção promissora das ideias de Bakhtin e do Círculo, tanto por parte de estudiosos da linguagem quanto da literatura porque a língua, a linguagem e o discurso podem ser matéria-prima de ambos.

Esta chamada buscou congregar trabalhos que, em suas multifacetadas interações socioverbais, se propusessem a pensar um lugar epistemológico para os estudos de Bakhtin e do Círculo. Há, como veremos nos 15 trabalhos reunidos neste Dossiê, promissoras possibilidades de investigação, sejam de cunho teórico, analítico e/ou metodológico.

Quanto à produção do conhecimento na área dos estudos da linguagem, trazemos nove trabalhos, que, além da perspectiva discursivo-enunciativa da linguagem, fazem uma interface com processos de ensino e aprendizagem.

O primeiro artigo do número, A “parábola do (bom) samaritano” em duas versões, de autoria de Graziella Steigleder Gomes e Cláudio Primo Delanoy, ambos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, elege as ideias de dialogismo, entonação, palavra e estilo para realizar a análise do gênero discursivo parábola, objeto deste estudo. Em sua análise, constatam um índice de oscilação ao que se refere ao estilo, devido às traduções serem pautadas por distintos métodos e preverem públicos leitores projetados.

Giselle Liana Fetter, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, assina o artigo Divulgação Científica: o processo de alteridade entre cientistas e público-interlocutor. Esse texto traz uma significativa contribuição ao propor investigar a relação de alteridade constituída entre cientistas e público-interlocutor. Do corpus eleito, composto por artigos científicos sobre divulgação científica, publicados por professores-pesquisadores de universidades brasileiras, entre 2016 e 2018, observa que a divulgação científica é refratada tanto na interação contínua das esferas científica e acadêmica quanto no compartilhamento das descobertas com o público. Conclui, assim, que “[...] a divulgação científica é concebida pelas relações alteritárias, pelos movimentos empáticos e exotópicos, que possibilitam assumir os pontos de vista do público”.

O próximo estudo, O papel da esfera discursiva no ensino de língua portuguesa a partir das habilidades das práticas de estudo e pesquisa, assinado por Maria Fernanda do Nascimento e Cristina Becker Lopes Perna, também da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, examina algumas habilidades da BNCC. Restringe a análise às propostas relativas à noção de esferas discursivas quando do ensino de língua portuguesa. Observa que, das quatro esferas discursivas propostas pela BNCC – jornalística/ midiática, atuação da vida pública, práticas de estudo e pesquisa e artístico-literária –, parece não haver uma distinção clara do campo de práticas de estudo e pesquisa em si.

Em A cultura dos memes como um lugar de encontros valorativos: uma análise dialógica do discurso armamentista, as pesquisadoras Jussara Leão Balbueno e Patrícia Zaczuk Bassinello, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, propõem uma análise dialógica e heterocientífica do discurso, baseadas nos pressupostos do Círculo de Bakhtin. Defendem, a partir da abordagem heterocientífica nos estudos das ciências humanas, que há uma ciência outra que propõe a ruptura com os relativismos de compreensão, orientada ao contexto como princípio para a apreensão dos sentidos. Para sustentar seu percurso teórico-metodológico, optam por analisar o gênero discursivo meme e seus processos de ressignificação.

Os próximos dois artigos procuram compreender discursos nas dinâmicas de Ensino Remoto Emergencial quando da pandemia de Covid-19 a partir de objetos singulares. No primeiro deles, Discursos sobre avaliação: uma discussão no tocante ao Ensino Remoto Emergencial, de autoria de Tamiris Machado Gonçalves e Angela Derlise Stübe, ambas da Universidade Federal da Fronteira Sul, do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, procuram entender os desafios enfrentados por professores de Língua Portuguesa da cidade de Chapecó-SC nas práticas de avaliação realizadas sem interações presenciais. Em Dialogismo e avaliação social: embates discursivos em notícias sobre o retorno às aulas presenciais na pandemia de COVID-19, de Maria Ivanize Corrêa dos Santos, da Universidade do Estado do Amazonas, com base nos apontamentos de Bakhtin e do Círculo sobre a análise de enunciados concretos, analisa o dialogismo e a avaliação social em notícias sobre a posição contrária dos professores quanto ao retorno das aulas presenciais na pandemia de Covid-19, veiculadas pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Folha de S. Paulo.

O sétimo artigo A perspectiva bakhtiniana dos gêneros discursivos: um diálogo entre pesquisa e ensino a partir do currículo de língua portuguesa da rede estadual do Amazonas, de autoria das pesquisadoras Viviane Bitar e Juciane Cavalheiro, da Universidade do Estado do Amazonas, busca compreender como se dá a relação dialógica entre as formulações teóricas do Círculo de Bakhtin sobre os gêneros discursivos e a Proposta Curricular e Pedagógica de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental da Rede Estadual do Amazonas (PCP do EF), implementada pela SEDUC/AM. Uma das conclusões a que chegam é de que, a partir das abordagens sobre os gêneros trazidas na PCP do EF, há elementos que têm correlação e retomam as ideias do Círculo, tanto pela reelaboração continuada do currículo quanto pela incorporação de práticas didáticas em consonância com a proposta de um ensino centrado na abordagem dos gêneros discursivos, em uma perspectiva dialógica.

Os dois últimos artigos que encerram a abordagem voltada a aspectos de linguagem trazem contribuições para se pensar relações entre ensino e o aspecto axiológico da linguagem para a produção dos sentidos. Em Leitura dialógica de contos como aporte para o desenvolvimento das competências socioemocionais de estudantes no Ensino Médio, de Ana Paula Oliveira de Andrade, Pollyanne Bicalho Ribeiro e Mônica de Souza Serafim, da Universidade Federal do Ceará, há uma reflexão acerca do ensino de leitura, a partir do diálogo com componentes curriculares, para promover uma educação mais integral. Já o artigo Reflexões sobre o cronotopo do CAS Natal, assinado por Emiliana Oliveira de Lima e Marília Varella Bezerra de Faria, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aborda a relação emocional entre o Centro Estadual de Capacitação de Educadores e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS Natal) e surdos e ouvintes, entre alunos e ex-alunos assistidos pela instituição, professores e representantes da gestão.

Com seis artigos, a segunda seção empreende análises que se voltam ao discurso literário. Mobilizando os conceitos cronotopo, polifonia, alteridade e carnavalização, o artigo “Um Homem Célebre”: uma análise do conto de Machado de Assis sob a perspectiva bakhtiniana” abre a seção de literatura, trazendo uma discussão sobre vocação versus ambição no que diz respeito ao protagonista, Pestana. O texto é assinado por Luana da Silva Coelho e Raphael Bessa Ferreira, ambos da Universidade Federal do Pará, do Programa de Pós-Graduação em Letras.

Em seguida, Iza Reis Gomes Ortiz e Queila Barbosa Lopes, respectivamente do Instituto Federal de Rondônia e da Universidade Federal do Acre, assinam o artigo A relação entre texto, ilustração e leitores, numa perspectiva da Análise Dialógica do Discurso, em narrativas infantojuvenis contemporâneas. O estudo investiga a relação entre linguagem verbal, linguagem não verbal e leitores nas obras infantojuvenis O passeio de Rosinha e Loba, para a construção de sentidos.

Focalizando o processo migratório e os dilemas identitários, o artigo A narrativa diaspórica de Orlanda Amarílis sob a perspectiva bakhtiniana, de autoria de Adriana Garcia Araújo e Jozanes Assunção Nunes, da Universidade Federal de Mato Grosso, apresenta três livros de contos afro-lusófonos para verificar como se dá a relação de construção de identidades em situação diaspórica.

De autoria de Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina, da Universidade Federal de Rondônia, o artigo intitulado O dialogismo entre enunciados verbais e visuais em A boca da noite, de Cristino Wapichana: relações e funções, analisa as relações de redundância, colaboração e disjunção resultantes da interação entre enunciados verbais e visuais na obra A boca da noite, escrita por Cristino Wapichana e ilustrada por Graça Lima. Sob essa perspectiva, a questão problematizadora volta-se para identificar como o diálogo entre palavras, cores e ilustrações gera diferentes relações e funções entre texto e imagem.

Em Leitura dialógica de poesia na escola: um encontro com a lírica de Elisa Lucinda na perspectiva das relações étnico-raciais, de autoria de Letícia Queiroz de Carvalho e Andreia Lima Silva, do Instituto Federal do Espírito Santo, é apresentada uma interlocução entre a lírica da autora capixaba e as questões étnico-raciais, demonstrando possibilidades outras de um debate mais efetivo sobre esse tema, a partir da leitura literária nos anos finais do Ensino Fundamental.

Crítica Polifônica e círculos dos discursos: percursos teórico-enunciativos de metodologia dialógica no Brasil, de autoria de Augusto Rodrigues da Silva Júnior e Marcos Eustáquio de Paula Neto, da Universidade de Brasília, a partir do encontro entre a Análise Dialógica do Discurso e a Crítica Polifônica, encerra a seção de literatura discutindo pressupostos para uma análise literária dialógica e responsiva.

No total, este Dossiê congrega 28 pesquisadores de 10 universidades brasileiras (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade Federal da Fronteira Sul, Universidade do Estado do Amazonas, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Acre, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade Federal de Rondônia e Universidade de Brasília) e de 02 institutos federais (Instituto Federal de Rondônia e Instituto Federal do Espírito Santo). Todos esses artigos projetam-se em duas direções. Quando apontamos ao passado, colocam-se em posição dialógica com o repertório de discursos bakhtinianos. Quando olhamos em direção ao futuro, as relações dialógicas surgem com as possibilidades de resposta que cada pesquisa fomenta, fazendo crescer o diálogo teórico no tensionamento de diferentes objetos de pesquisa.

Como as epígrafes deste prefácio mostram, as ideias de Bakhtin e seu Círculo fomentam esse olhar dialógico – possível na interação e devido à alteridade própria de dois eixos valorativos: o do eu e o do outro –, que se volta para os usos e para a realidade concreta dos gêneros do discurso, que tem a sua compreensão pautada no intercâmbio de ideias. Sendo assim, este Dossiê coloca-se no rio da comunicação discursiva atrelado aos discursos que com ele se tecem e na possibilidade de contrapalavras que dele surjam, a fim de que se continue o debate.

Material suplementario
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Diálogo II. In: BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34, 2016a. p. 125-150.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo Bezerra. São Paulo: Ed. 34, 2016b. p. 11-69.
BRAIT, B. Mikhail Bakhtin: autor e personagem. Revista USP, [S. l.], n. 39, p. 158-172, 1998. DOI: 10.11606/ issn.2316-9036.v0i39p158-172. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/35080. Acesso em: 18 dez. 2023.
CLARK, K; HOLQUIST, M. Mikhail Bakhtin. Trad. Jaime Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2004.
MEDVIÉDEV, Pável N. O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica. Trad. Sheila Grillo; Ekaterina V. Américo. São Paulo: Contexto, 2016.
PORTO BOENAVIDES, D. L. Publicação e recepção das obras do Círculo de Bakhtin no Brasil: a consolidação da análise dialógica do discurso. Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso, [S. l.], v. 17, n. 4, p. Port. 104–131 / Eng. 109, 2022. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/article/view/56378. Acesso em: 18 dez. 2023.
VOLÓCHINOV, Valentin. Marxismo e Filosofia da linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. 1. ed. São Paulo: 34, 2017. p. 93.
VOLÓCHINOV, Valentin. A palavra na vida e a palavra na poesia: ensaios, artigos, resenhas e poemas. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. 1. ed. São Paulo: 34, 2019.
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